18 de dezembro de 2011

Amar pouco dói pouco.

Você me fez criar todo um 'depois' ao lado seu. E, agora, o 'depois' não existe mais. E, agora, você me deixou pra trás. Há muito tempo eu devia ter notado. Se era certo ou errado eu já não sei. Te dei meu coração junto com a alma. O que eu faço se seu sorriso ainda me acalma? Quero de volta minhas madrugadas, meus planos, meu futuro. Quero de volta, também, o sentimento. Eu só lamento pelo carinho que você perdeu. Encontre na vida alguém que te ame, mas não que te ame como eu. Amor demais machuca na mesma proporção.

(Estela Seccatto)

8 de dezembro de 2011

Tequila.

Você teve o prazer te ter meu coração em suas mãos. Porque o guarda numa gaveta quando o braço se cansa? Amor não tinha a ver com ser forte ou algo assim? Mas eu sei porque o guarda, eu sei porque deixa meu coração de lado, lá no canto. Segurar dois corações não dá, né? A outra mão segura seu medo de me dizer. Porque não diz? Porque esconde de mim se, desse jeito, machuca mais? Me ver chorar e me ver cair pode ser divertido na primeira vez, mas depois de tantos anos deve ter perdido a graça. Espero estar errada em relação à metade do que me incomoda. A outra metade eu já engoli. E desceu rasgando, amor. Preferiria uma dose de tequila.

(Estela Seccatto)

6 de dezembro de 2011

Dói.

O dia inteiro essa dor chata me irritando e me impedindo de levantar como uma pessoa normal. O dia inteiro segurando o choro pra não preocupar a família por causa da dor. Tomar remédio e não sentir o efeito. Mudar de posição toda hora e não encontrar uma que alivie.
Tudo bem, eu já senti dores piores. Já senti várias vezes a dor de nitrogênio líquido seguido de ácido. Já senti a dor de pular em espinhos. Já senti a dor de um término de namoro e já senti a dor da perda.
Uma hérnia não é a pior coisa do mundo, né?

Mas, caralho, como isso dói.

1 de dezembro de 2011

Bilhetinho do papai



Hoje sou chamado de 'bebado' pela minha filha. Quando eu tinha 21 anos de idade eu não bebia porque tinha ódio do meu pai porque ele bebia. - Hoje amo meu pai mas ele não está mais aqui- Me desculpe. Você é perfeita.

Chegar do role numa quarta-feira e ler isso poderia me comover. Pena que eu já ouvi esse 'você é perfeita' inúmeras vezes saindo da sua boca ironicamente. Pena que você escreveu isso bebado. :D

27 de novembro de 2011

Te sinto.

Hoje sua falta está pesando mais. Esse vento gelado, meu cigarro queimando e a fumaça saindo num desenho perfeito.. Cade você pra eu encostar no seu ombro e pegar no sono vendo algum filme chato na televisão? Esses dias eu sonheI com você. Não com sua imagem, mas com a sua presença. Eu vi uma luz e eu tinha certeza que você estava lá. Tinha gente que te enxergava e eu implorando em mente pra sua imagem se formar e eu poder te abraçar.
Nada.
Só a luz.

Acordei agradecendo por se mostrar presente e por iluminar todo esse lugar.
Obrigada por ME iluminar.
Eu te amo.

(Estela Seccatto)

22 de novembro de 2011

Eu rezo, sim.

Deitei sem sono.
"Ei, como está? Quando tempo que a gente não conversa. Se essa história que dizem pelos vãos do espiritismo for verdade, espero que você já tenha saído do hospital e esteja num bom lugar. Você assiste minha vida? Você vê tudo o que a gente faz por aqui? Espero que você esteja bem e sorrindo, sem dores. Espero que ele esteja sorrindo ao seu lado. Cuida da minha mãe, cuida da minha tia. Cuida de quem você puder cuidar, por favor. Cuida de mim e alivia minha dor... Não, não cuida de mim. Pode deixar que, isso, eu mesma faço. Só quero seu abraço, seu carinho e seu colo. Só quero te sentir outra vez. Me visita essa noite, me traga um pouco de paz. Por mais que pareça que eu fique triste todas as vezes que penso em você, é apenas saudade. Me faz bem lembrar do seu sorriso. Vem me dar seu ombro pra eu chorar antes de acordar, pra eu seguir os dias que estão por vir".
Dormi, não sonhei.

(Estela Seccatto)

15 de novembro de 2011

Seu rosto me assombra.

Ela caminha delicadamente deixando o mundo inteiro pra trás. Está escuro, frio e garoando. Ela não liga, ela apenas segue. Parece que lágrimas a fazem esquecer a realidade. O capuz da blusa cobre seu cabelo loiro e sujo. As mãos no bolso e a calça jeans desbotada. Ela chega à uma praça e se acomoda em um canto onde o vento e a garoa não alcançam. Tira o maço do bolso e acende um cigarro. Observa o caminho lento da fumaça saindo de sua boca. As lágrimas secam no ritmo em que o cigarro queima. Ali, bem distante, há uma sombra, uma pessoa. "Por que você estragou a minha vida? Por que você não me deixa em paz? Seu rosto e sua voz me assombram todos os dias! Por que eu não consigo ter uma vida normal depois de ter te conhecido?". A voz grita mas o som que chega é baixo. "Você é um lixo, você é insensível, você nunca me amou!". A menina dá outro trago e não se move. A impressão é de que até seu coração estava parado. Não piscava, só respirava lentamente como se não houvesse solução. "Vem até aqui, cospe na minha cara o quanto você me odeia, vem ver minha dor de perto!". Ela se levanta, e começa a caminhar até aquela sombra. Na medida do passo com o qual se aproxima, o rosto começa a criar forma e a se revelar. O cigarro cai de sua mão. Ela já sabia quem era e não conseguia acreditar. A dor era tanta que os passos começaram a pesar. Parou metros de distância e ficou a observar. Respirou fundo e deu mais um passo. "Me esquece". A imagem se desfez diante de seus olhos. Assustada ela se vira e ali está, a 10 centímetros do seu rosto aquela pessoa que tanto a assombrara. Se assusta e se afasta - sempre a mesma reação. "Eu não vou voltar" - sempre as mesmas palavras. Abre os olhos, tudo escuro. Abraça o travesseiro e implora pra dormir em paz.

(Estela Seccatto)

24 de outubro de 2011

1 ano, 6 meses e 1 dia.

É o tempo que eu venho aguentando sem você.
É tempo suficiente pra eu olhar pra frente e dizer "sou forte".
Ninguém pode me dizer o contrário.
É.. Tamanha força que se precisa pra viver nessa bagunça sem você.

(Estela Seccatto)

20 de outubro de 2011

Pra que se perder em dor?

O menino estava triste, a situação era triste. A menina sorria como se não se importasse.
-Me diz: quão insensível você é?
-Cabe em mim todos os sentimentos. - Continuava a sorrir.
-Então porque não chora? Porque sorri nessa situação?
-Feche os olhos. - Ela pediu e ele o fez. - Minhas palavras entram em você te angustiando e te travando um nó na garganta. A dor é física, o coração desespera, o ar pesa sobre seu ombros. O mundo não existe mais. Na sua cabeça só há pensamento sobre o que tanto te incomoda. Só imagens ruins, apenas essa desagradável situação rodando repetitivamente em sua mente como se não existisse nada além disso. Nada bom, o mundo caído, derrubado nos teus pés. Você guarda um grito, você retém lágrimas, há em ti uma agonia que não deixa o ar entrar. Inspirar dói, soltar o ar dói. O peito machuca, a dor não alivia. Então me responda: se respirar dói, qual é a solução? É preciso parar de respirar? Até quando vai doer?
Ele sorriu. Tudo estava bem.

(Estela Seccatto)

16 de outubro de 2011

Me conforta.

Eu enfraqueço por não te ter em mais um aniversário. Enfraqueço por saber que não te terei nos próximos também. Tudo gira em torno de você. Meus textos, minhas decisões, meus pensamentos.. Queria poder sentir mais uma vez seu abraço apertado que eu nunca tive vontade de soltar. Queria que você voltasse a me visitar em sonhos pra eu poder te sentir e ouvir sua voz. Cade você pra me dar colo quando eu brigo com meus pais, hein? Tá tão difícil..
Hoje eu empurrei meu pai contra o armário pelo pescoço e disse "sua mulher tá chorando, você não é homem! Ela tá chorando porque você expulsou seu filho de casa e, se ele sair, eu vou junto". Sempre depois que me estressava você era o meu conforto e agora eu não tive ninguém. Não tive ninguém pra concordar comigo, levantar a voz e calar à eles. Eu simplesmente tive que continuar ouvindo que sou uma 'bosta', sentar em frente ao computador e achar alguma distração em redes sociais.
Eu sei que é feio pedir presente, você me educou muito bem. Mas por favor, nesse aniversário me dê paz, me tranquilize o coração, me alivie a alma. Eu estou desesperadamente procurando uma saída.

(Estela Seccatto)

28 de setembro de 2011

Minha paz.

Nosso caráter era igual. Meu olho era igual ao seu. Meu sorriso, minhas vontades e minhas opiniões.. Tudo uma cópia de você. Lembro da marca que o sofá tinha de tanto que você sentava naquele mesmo lugar. Lembro do enfeite da mesa e do cinzeiro em que você batia a cinza dos seus inúmeros cigarros. Os sustos que você me deu gritando 'gol' são incontáveis. Eu me revirava na cama e desistia de dormir. Levantava, ia até a sala e você estava lá, naquele mesmo lugar, cochilando. Ia pegar algo pra comer e ouvia você chamar meu nome, me pedindo um copo de água gelada. Sentava no outro sofá e ficávamos assistindo qualquer coisa, contando segredos, jogando conversa fora.. Quando eu brigava com alguém era o seu colo que eu buscava. Então deitava minha cabeça nele e dormia, no misturar do desabafo com seu cafuné. Você se lembra do tratamento que eu fiz? Eu chorava de dor por horas. Você veio e começou a me benzer. O ar foi entrando e a dor foi parando. Sem exageros e literalmente: você aliviou a minha dor. Eu abri os olhos e minhas lágrimas haviam secado. Não sei se você sabe, mas naquele momento eu pedi pra sempre te ter por perto porque era em você que eu encontrava a paz. Mas então mudou o cenário, mudou a condição, só não mudou o copo de água gelada. No hospital eu cheguei a pensar que não teria saída. Você não se movia, só piscava. "Se souber quem eu sou, pisca forte" e pronto: você piscou. Você moveu a cabeça um mínimo centímetro pra tentar me olhar melhor e você passou por isso, você se ergueu, se reconstruiu. Você voltou pra casa e, depois de tantos anos, era minha vez de te cuidar. Acordei cedo nas férias, decorei o horário de cada remédio, virei noites acordada apenas pra te observar respirar. Fui um dia te visitar antes de sair. Pedi pra você se cuidar e você sorriu me respondendo: "Se cuida daí que eu me cuido daqui". Sempre cuidando de mim, sempre me vigiando de longe pra que nada me desse errado. E nada deu errado, nada me faltou enquanto você estava presente. Mas agora me falta. Agora me falta você, me falta seu colo e me falta seu cafuné. De repente, tudo acabou. Não porque tava na hora, não porque "Deus quis". Foi erro médico. Acontece, não acontece?

Eu não acredito em Deus. Se eu tenho fé em algo, é em você.

(Estela Seccatto)

27 de setembro de 2011

Trago.

Um grito se agarra na garganta e por lá permanece. Não sai, não volta, não desaparece. Um grito imenso que dificulta a respiração, que aguça as dores, que pesa no passo. A menina se vê lutando contra o ar e contra seu próprio interior. Tudo é mais espesso, mais denso, mais concentrado. Todos os problemas e todo o passado fixados em suas pernas, tornando o caminho torturante. Acende um cigarro, traga. Observa a ponta queimar enquanto toda aquela química entra vagarosamente em seus pulmões. Segura e solta. Sente o peito aliviar como se aquela fumaça tivesse cortado o grito agarrado. Não importa se lhe faz mal, não importa se causa doença. Importa que lhe acalma e nada mais.

(Estela Seccatto)

26 de setembro de 2011

Ainda vou te visitar, gordinha.

Eu quero tanto e não tenho coragem.
Quando é que vou levantar desse sofá e ir ao seu encontro?
Quando é que vou ter coragem de andar os passos que eu rastejei?
Tenho medo desse dia chegar e eu perceber que nunca superei. Tenho medo de chegar lá e despencar como despenquei. Tenho medo de doer demais. Mas, hoje em dia, o que é que não dói? O medo vai durar até quando, então? Um dia eu acordo cedo, pego o mapa e vou. Ah, eu vou.. Só não sei se volto, a saudade é tão grande. Quem sabe eu fique por lá te contando tudo o que aconteceu desde quando você partiu. Jogar conversa fora, sabe? Tomar chuva com você. Rir à toa e ouvir desconhecidos dizendo por aí que eu sou louca. Ou então quem sabe eu fique apenas 5 minutos por não aguentar.. Ah, tanto faz, quem se importa o tempo que vai durar? Importa que eu quero e quero muito.
Mas e a coragem, onde está?

(Estela Seccatto)

5 de setembro de 2011

Onde foi que eu perdi?

Cadê as tardes em que eu andava no parque pra me livrar de todos os problemas? Cadê os dias que eu fugia de casa pra me encontrar com alguém? Cadê as aulas que eu matava só pra andar pelas ruas ou sentar numa calçada abandonada? Cadê os finais de semana em que eu ficava em casa? Cadê as vezes em que ficar em casa conseguia ser agradável? Cadê a época em que eu queria alguém e só UM alguém? Cadê a vontade de amar, de ter, de mimar, de me sentir amada? Cadê as pessoas que fizeram parte de mim? Cadê a velha árvore que eu lutava pra chegar e não queria mais sair da sua sombra? Onde foram parar as coisas que me deixaram lembranças? Onde esté o cabelo reto e longo, o boné e a calça larga? Onde está a ingenuidade e a vontade de ser sempre criança? Porque o mundo girou e me fez mudar tanto? Não que eu não goste desse meu nome eu, mas como mato a saudades do meu eu tão distante?
Será que cada um tem um eu distante, bem longe, espalhado por aí?

(Estela Seccatto)

10 de agosto de 2011

Sorrir não é difícil

Eu acumulo minhas dores, guardo tudo num potinho e me mantenho feliz sem falsidade no sorriso. Então, num domingo qualquer, eu mato o tédio as sentindo.. Uma por uma, desidratando de chorar no conforto do meu travesseiro. No outro dia está tudo bem.

(Estela Seccatto)

9 de agosto de 2011

Dê valor.

Sabe porque eu dou tanto valor pra porra de um ponto colorido perdido em tanto preto e branco? Eu vou dizer. Eu dou valor porque a vida é frágil, curta e cheia de surpresas. Porque o mundo pode ser frio, cruel e doloroso. Porque as pessoas podem ir embora, machucar e odiar. Porque tudo tem chance de ser um lixo e totalmente ruim. Mas, pra muita gente, 'totalmente ruim' é um término de namoro ou algo assim. Não, não estou dizendo que um término é legal, eu sei que é triste e doloroso. Pode chorar, querer morrer e entrar em depressão por um dia. Mas no outro dia se levante, erga o rosto e saiba que não foi o fim do mundo. No outro dia saiba sorrir diante dos seus problemas.
Vou contar uma história. Há cinco anos atrás uma pessoa da minha família descobriu que tinha câncer no fígado. Ouviu dizer que teria até 6 meses de vida. Seu marido (30 anos de casados) a deixou. Ela fez o tratamento necessário e o fígado ficou bom. O câncer tinha passado pro intestino, ela continuou fazendo tratamentos, operou algumas vezes e, bom, o câncer agora está no pulmão. Há um tempo atrás percebi que eu reclamava de tudo, não dava um risada dentro de casa e ela, com todos esses problemas estupidamente maiores do que os meus, sorria mil vezes mais. Agora ela ainda faz quimioterapia e o marcador tumoral não abaixa. Os médicos já não sabem o que fazer pra diminuir o tumor. Eu a olho e o que eu vejo? Um sorriso.
Bom, também já quase morri inúmeras vezes.. Afogada, engasgada, em acidente e até enforcada. Quando você passa por isso você vê sua vida tão frágil que se torna ridículo reclamar por coisas do tipo 'pessoas falsas ao seu redor'. Ignora, releva, sai de perto.. Você tem opções. Não precisa reclamar, gritar, chorar e morrer.
Será que agora alguém consegue entender porque eu acho tão bonito o céu, uma árvore, um desenho numa parede velha ou uma flor caída no chão? Dá pra entender porque eu dou tanto valor? Tem coisa mais linda do que ver o sorriso no rosto de alguém que tem todos os motivos pra chorar?

(Estela Seccatto)

25 de julho de 2011

As pessoas pedem tanto..

Eu nunca entendi. Em todos os lugares tem alguém gritando que prefere uma verdade que machuca do que mentiras. Porque quando eu sou sincera eu perco as pessoas, então? É, porra. É um desabafo. Eu sempre fui aquela menininha que me apaixonava, quebrava a cara e me apaixonava de novo pela simples necessidade de gostar de alguém, de sentir amor. E eu nunca tive de volta. As vezes que tive acabou rápido, como se o amor maior viesse de mim e a pessoa não se importasse tanto. Quando eu amei, doeu. Então passou um tempo eu percebi que não era culpa dos outros. Vieram gostar de mim e e simplesmente não gostava da pessoa, não podia me forçar a gostar. Me machucava machucar alguém, mas iludir era contra mim. Quando eu não amei, doeu em alguém. Aí decidi deixar acontecer. Se eu amasse e fosse amada, seria lindo. Se não, machucaria, seja em mim ou em qualquer pessoa. Mas, eu, sempre carente e sentimental demais, era carinhosa. "Fofa", digamos assim. Mas ser fofa é iludir. Cara, como assim? Eu não posso te dar carinho que você já está me amando e a filha da puta sou EU por te iludir? Me restava ser estupidamente direta. Bom, ser estúpida afastou muita gente porque sinceridade machuca. Qual é? Não é melhor eu dizer "não quero nada sério" "não se iluda comigo"? Parece que as pessoas gostam de ouvir um "eu amo você" totalmente falso, se iludirem em seu mundo perfeito de amor correspondido e depois, quando acabar, jogar a culpa no outro. "Você me iludiu". Porra, velho. Eu nunca tentei agradar a todos, muito pelo contrário. Eu só quis ser carinhosa uma vez. Eu só quis ser sincera pra evitar dores futuras. Eu só quis deixar simples como, supostamente, deveria ser. Pra que complicar?
Cacete.

(Estela Seccatto)

17 de julho de 2011

É engraçado ver como a vida é frágil e como existem pessoas tão fortes para conseguir ir em frente. Quer dizer, há seis anos eu ouvi algo como "ela tem três a seis meses de vida". E bom, ela está aqui agora. Uma pessoa que perde alguém importante tem dois caminhos: um deles é sorrir e seguir, ver que cada dia tem que ser vivido; o outro é se afundar cada vez mais. Se ninguém seguisse o primeiro caminho, o mundo seria um abrigo de solitários sem sorriso. Seria um ciclo eterno de tristeza e depressão. Então você encontra alguém que está sempre sorrindo e pensa "cara, essa pessoa não deve ter problema nenhum na vida". E você chega a entrar em choque ao saber que a vida daquela pessoa é bem mais difícil do que a sua.

Na verdade, não consigo me conformar com tanta tristeza e drama à toa. As pessoas estão cada vez menos profundas. Cada arranhão é visto como um corte profundo que perfura a carne e o coração. E qual é a graça de ser depressivo? É legal que sintam pena? As pessoas não sabem mais enxergar a beleza de uma árvore. Um dia tedioso é motivo de mau-humor. Pega a porra desse dia, para de reclamar e o observa, caralho! O mundo tá em constante movimento. Mas até quando? Vai dar valor pra sua vida quando alguém virar pra você e falar "ei, tá chegando sua hora"? Fica esperto, quando for tarde demais não vai dar nem tempo de se arrepender. Não custa NADA abrir a janela, sentir o vento e observar a vida lá fora. Não custa nada cultivar a vida aí dentro.

(Estela Seccatto)

16 de julho de 2011

Amor é mais.

Você pensa que sabe, mas não sabe nada. Você não define o amor. Amor não é aceitar os defeitos, aprender a conviver, querer só aquela pessoa ao seu lado, tremer e sentir borboletas no estômago quando ela chega perto. Amor é muito mais. Amor é quando alguém te pergunta "o que você ta sentindo?" e você pensa em responder "amor", mas sabe que a palavra é muito pouca. Você sente algo intenso, você não sabe explicar. Você só respira fundo e sente apertar, vontade de chorar de felicidade. Parem de tentar definir o amor. Quando você sentir vontade de dizer "te amo", apenas diga. Se alguém duvidar nem tente provar. Quem ama não espera nada em troca. E foram tantos que disseram "eu te amo" sem ter nem um sorriso de volta.. Foram tantos que desacreditaram do amor.. E eu me pergunto: pra que? Por que? Você amou, fez sua parte, o amor deveria fazer bem, supostamente. Mas as pessoas inventaram tanto, definiram tanto, vulgarizaram tanto que confundiram amor com o desejo de ter, o desejo de conquista. De início o amor já era bom por si só. Agora o amor tem que ser recíproco pra satisfazer. Qual é? Vai viver desiludido até quando se sua vida pode terminar agora?

Aceite os defeitos, trema e fique mole na presença do amado, sinta cada toque como se fosse o único, mas saiba sempre que amor é mais. Amor é muito mais, amor é imensamente mais! Amor ultrapassa palavras, frases e textos. Amor vai além das poesias e canções.

(Estela Seccatto)

11 de julho de 2011

O vento toca a folha da árvore e o sol desenha sombras nos muros lá de fora. Aqui existe a imperfeição de um quarto adolescente no qual eu me acomodo. Aqui eu existo, eu crio minha angústia, eu curo minha dor. A luz se mantém apagada e o vidro da sacada não abrirá. Não quero sentir o vento, sei que ele está ali apenas pelo movimento das coisas leves lá de fora. Sei sua intensidade pelo olhar. O silêncio da rua se quebra no passar de um carro solitário. Segunda-feira: sempre igual. A posição incomoda e faz minha perna adormecer, o caneco onde havia chá está na cama há um bom tempo, as roupas estão espalhadas, perdidas em algum canto junto com a vontade de arrumá-las. O caderno está em ordem, no lugar exato pra se eu quiser escrever. A saudade está em mim e acumula. Saudades de quem não volta mais, saudades de quem foi por opção, saudades de quem eu deixei escapar em vão. E saudade corrói, forma um buraco, um vazio. E esse vazio se esconde perto de qualquer outro alguém. Aprendi a sorrir sem vontade mas sem falsidade, só pro dia melhorar. Quem sou eu pra gritar pro mundo meus textos, meus erros e minhas dores? Quem sou eu pra gritar sentimentos por aí? Eu sou só uma menina que bebe e fuma numa calçada qualquer.. Ligeiramente estúpida e insensível nos meus atos.

(Estela Seccatto)

3 de abril de 2011

Estranho.

A gente começa a perceber que algo nos aconteceu quando todos seus amigos começam a dizer que você está estranho. "O que aconteceu? Tá triste? Você tá estranha". Ouvi isso 455679 vezes ontem e ainda não descobri o que me aconteceu. Pode ser saudade de alguém. Pode ser saudade de muitas pessoas.

É.

22 de março de 2011

Falsa autoritária.


Teimosia. Acho que sei. Finjo que sei o que é certo pra mim. Controlo meus sentimentos mais fortes e incontroláveis. Sempre consigo agir pela razão. Aparece um problema e, como uma libriana digna do signo, penso e repenso inúmeras vezes antes de qualquer atitude. Fama de indecisa (talvez eu seja mesmo, mas quem precisa saber?). Controlo e guardo a raiva, não choro, forço sorrisos e essa é a felicidade mínima do manual de sobrevivência.. Se é que podemos chamar de 'felicidade'. Desvio a atenção das coisas ruins com uma piada qualquer. Controlo o desejo e o brilho dos meus olhos. Finjo que mando em mim. Sou uma falsa autoritária. Tem alguém que me faz chorar, sorrir, descontrolar, gritar, amar! Sou uma falsa autoritária vulnerável à você.

(Estela Seccatto)

3 de março de 2011

Medo do que já passou.

Depois da primeira vez não tem mais graça..


Tem medo.
Tem medo de gostar, de amar, de se aproximar.
Tem medo de se apegar pelo simples fato de, um dia, ter que se despedir.

Quer sempre mudanças, pessoas novas, sabores novos.. Tudo novo!
Sempre tudo novo.

Tem medo de fazer amigos e enjoar pois os amigos se tornam velhos:
Mente pequena.
Tem medo do antigo, do duradouro, do eterno.
E isso se resume no medo de se machucar.

Quer sempre mudanças, pessoas novas, sabores novos.. Tudo novo!
Sempre tudo novo.
Mente pequena.

O novo só é novo por um dia.

(Estela Seccatto)

3 de fevereiro de 2011

Esse não é momentâneo.

Se fosse um post momentâneo não falaria de coisas passadas. Segurar sua mão toscamente sem ao menos ter nada com você e perguntar se te envergonharia um beijo em público foi tão perfeitamente espontâneo que, se eu tivesse calculado, não teria dado certo. A Augusta, um bar, um beijo. Um parque, um banco e um homem tarado. Muitos dias lá naquele banco que tinha um nome que eu não lembro qual era. Muitos dias olhando a árvore grande, deitando no seu colo e reclamando das folhas que voavam no nosso cabelo. Foi por você que eu fiquei 2 horas sentada na estação porque tinha a certeza que você ia chegar. Então, quando chegou, eu disse que te odiava muito e te beijei. Foi por você que eu subi na grade do camarote do show pra pedir uma foto das meninas da Agnela. Pode até ser repetitivo (assim como é quando eu te chamo e bebê verde), mas minha maior felicidade foi ver você vindo na chuva segurando no braço da minha prima. Te abraçar na chuva e te agradecer por ter aliviado aquela preocupação que já tava me machucando. Agradecer por ter tirado meu desespero. Sentir como se a chuva lavasse todos os problemas daquela hora e o abraço que eu procurei, encontrei nos seus braços. Rir de tudo com você depois e depois e depois.. Meu aniversário de 17 anos, como explicar? Toda noite eu durmo abraçada com um pedaço daquele dia. Atrás da minha coleção de garrafas tem uma dobradura. Dentro da dobradura tem uma caixinha preta. E dentro da caixinha preta tem um anel com um nome e uma data. Seu nome e nossa data. Só por você eu acordei cedo e criei coragem pra ir pra São Paulo no dia 16 de dezembro. São poucos os motivos que me fazem acordar cedo. A forma que eu me apaixonei, não só por você, mas pela sua família e pelos nosso momentos juntas, vai ficar guardado pra sempre. E esse post é pra agradecer. E é por isso que não é momentâneo. Pode acontecer o que for, podemos brigar e você pode me odiar por qualquer coisa (não vou matar sua mãe nem bater na sua irmã, fica calma).. Pode cair o mundo em cima de nós pra estragar tudo, eu vou SEMPRE lembrar de você como algo bom que aconteceu pra mim. Vou sempre agradecer pelas horas e horas que passamos juntas conversando sobre nada. Obrigada, de verdade, pelo amor que você sempre demonstrou, seja com cartinhas, falando, ou com seus beijos e abraços. Eu sei que talvez eu não demonstrasse tanto quanto você, pelo fato de eu ser muito fechada, mas o sentimento foi enorme, foi intenso e foi verdadeiro. Nada nem ninguém será capaz de estragar o carinho e amor que sinto por você. Foi na transferência do metrô pra cptm que tudo começou.


(Estela Seccatto)

24 de janeiro de 2011

Você: era tudo mentira.

Era tudo você. E tudo você, mais uma vez.

Era tudo sempre você e se a felicidade não se fazia em seus olhos, os meus já não fechavam de dor. E então se fez passado para mim e pra você continuou. Me esperou voltar. Machucava o coração quando pensava que o seu apertava sem me ter. Quando sabia que não ia me ter e que não ia parar de machucar. Mas notícias correm, informações e boatos. Amor, porque isso? Porque 'amor'? Então o coração que dói agora já não é mais o seu. A fama minha que se faz lá fora é culpa de quem me prometeu. E eu pedi, eu implorei. Nunca quis promessas, nunca precisei. Você também nunca precisou. Nunca precisou de mim por mais que dissesse que sim. Por mais que gritasse que sim! Você nunca precisou. Você sempre sussurrou que quem precisava era eu.

Era tudo mentira. E tudo mentira, mais uma vez.

(Estela Seccatto)