15 de julho de 2015

Eu nunca mais consegui escrever e essa vai ser uma tentativa com grandes chances de ficar terrível. Eu nunca pensei que passaria por algo tão dolorido que não conseguiria nem escrever sobre. E depois de uma coisa tão dolorida, outra. E assim vai. Eu nunca quis gritar tanto como eu quis esse ano. Eu nunca quis fugir tanto. Se eu tivesse algum lugar pra onde fugir, eu fugiria? Será que eu correria pra longe e me esconderia de todo aquele silêncio esmagador? Que ano filho da puta, eu não me sentia assim, tão sozinha, desde 2007. Hoje eu tenho que dormir no meu quarto, eu não tenho mais opção.
Eu não sei como, mas deveria ser fácil perder as pessoas. Deveria ser tão fácil quanto é fácil para elas irem. Tem gente que quer ficar, mas não pode. Tem gente que simplesmente não quer. Tanto faz, as pessoas sempre vão. Com ou sem tchau elas vão embora e quem fica tem que aprender a lidar. Até onde a gente aguenta? Até onde nossa perna nos sustenta?
Meu quarto tá lotado de coisas e é um vazio enorme ficar dentro dele. As fotos já não me fazem bem. Que ano filho da puta! Sabe quando você segura o choro e a garganta dói de tanta vontade de chorar? Eu não consigo mais, não sai mais uma lágrima, meu olho tá seco, tá vazio. Mas a garganta dói, parece que vai sufocar. Se a noite o olho umedece o sufoco só aumenta, é desesperador. Aí eu mordo minha mão pra ver se uma dor engana a outra. É quando eu chego no meu limite e durmo por puro cansaço. 
Minha coluna dói de tanto ficar deitada mas eu vou levantar pra que? Se não tiver cerveja eu não tenho mais nada. E aí eu tomo cerveja, eu dou risada, me divirto, esqueço tudo e no outro dia eu vou levantar pra que? Se não tiver cerveja...
Que ciclo é esse? Que refúgio é esse que não dura a vida toda? Que ano filho da puta! Nada do que eu faço é volitivo. É tudo um jeito de contornar essas coisas que machucam. É gente mudando da água pro vinho, é gente que eu desconheço, é gente que eu não vou ver mais. É abraço que eu não vou ter. É a eterna rotina de abrir dez abas de filmes na internet e não assistir nenhum porque, em 5 minutos, a vontade se foi. É desligar a música 15 minutos depois de ligar. É querer silêncio pra ouvir minha mente e ver se ela se entende com ela mesma porque eu já cansei. E nem sei se quero entender.
Que ano filho da puta.