15 de maio de 2013

Espaço

A pessoa quer espaço. Queremos dar espaço. Damos só um cantinho pequeno do nosso lado. Sim, somos egoístas, chatos e insistentes. Nunca queremos pouco, nunca queremos um pedaço. É tudo ou nada. E, normalmente, ficamos sem nada. Cadê todo aquele romantismo old school que mostram nos filmes que passam a tarde na TV? Aquela vontade que gritamos pro mundo não é admitida, hoje, por que? E não nos é admitido o direito de gostar e não gostar. Hoje nos cobram amor ou ódio. Acham que dar carinho é sinônimo de se apaixonar. E não é. Aliás, está bem longe disso. A geração que nos faz parte vulgarizou os sentimentos. E o que tem demais se quisermos alguém? Que tem demais o coração disparar e as pernas enfraquecerem? Que tem demais responder aos meus questionamentos? Se eu lhe pergunto o que há de mal, quero que cuspa em mim! Tenho preguiça. Não quero o trabalho de desvendar suas poucas palavras. Se soubesse desvendar a mente humana, já estaria louca. Mas quem sabe eu já esteja, por qualquer outra razão.
É tudo confusão. Nem sabemos mais se a pessoa quer espaço, se é cansaço ou coisa assim. Mal sabemos se deveríamos dar um pedaço de lugar do nosso lado, ou se está tudo errado, e a pessoa quer ficar longe de você e de mim. Hoje as mentes andam complicadas, cheias de equações. Que mundo é esse em que não sabemos quando o erro é nosso ou não? Queremos assumir a culpa, mas escondem-nos dela! Se o problema é seu, que se seja assim. Mas, se o erro for meu, dê-me. Atire-o em mim.

(Estela Seccatto)