Cadê as tardes em que eu andava no parque pra me livrar de todos os problemas? Cadê os dias que eu fugia de casa pra me encontrar com alguém? Cadê as aulas que eu matava só pra andar pelas ruas ou sentar numa calçada abandonada? Cadê os finais de semana em que eu ficava em casa? Cadê as vezes em que ficar em casa conseguia ser agradável? Cadê a época em que eu queria alguém e só UM alguém? Cadê a vontade de amar, de ter, de mimar, de me sentir amada? Cadê as pessoas que fizeram parte de mim? Cadê a velha árvore que eu lutava pra chegar e não queria mais sair da sua sombra? Onde foram parar as coisas que me deixaram lembranças? Onde esté o cabelo reto e longo, o boné e a calça larga? Onde está a ingenuidade e a vontade de ser sempre criança? Porque o mundo girou e me fez mudar tanto? Não que eu não goste desse meu nome eu, mas como mato a saudades do meu eu tão distante?
Será que cada um tem um eu distante, bem longe, espalhado por aí?
(Estela Seccatto)
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