25 de janeiro de 2013

Alfinetes.

Você me tira a paz. O que te traz aqui? Quando é que deixou de ir e decidiu ficar? Teu olhar é pontiagudo, menina. e me fulmina. Ah, se fosse simples ir embora dizendo que a gente não combina.. Você é coração e eu sou razão. Você é fogo e eu sou gelo. Morena e loira. O remédio e o hematoma. Você é par, eu sou ímpar, mas a gente se soma. Mas não resulta em nada. Equação em vão. Eu te somo e você tenta me subtrair. Eu já cansei de perguntar: o que diabos te trouxe aqui? O sonho já acabou, você já acordou e o desafio há meses já se foi. O que é que você faz que me induz a insistir? O que é que você diz que me faz querer desistir? E a cada mordida que você dá no chocolate com cereja é uma alfinetada a mais na minha cabeça. E meus olhos se fixam no escuro que, cansado de mim, se clareia. Acende o céu e eu não dormi pensando em fugir. Fugir pra qualquer lugar. Fugir pra longe ou correr até aí. Mas o caminho cansaria e talvez eu não chegaria até onde está. Talvez quando eu estivesse pra chegar você decidisse ir pra outro lugar. Então aqui eu resolvi ficar e outra noite eu perdi.

(Estela Seccatto)