Eu não sei, mas eu ando perdendo algumas vontades. Eu ando estranha, me encontrando em situações difíceis. Acho que a sensibilidade tá me atingindo nesses últimos dias. E antes que me perguntem, não é TPM. É apenas um sentimento estranho. Algo que me diz 'o ano vai acabar, tudo vai mudar'. E eu não quero me distanciar. Amigos se foram faz anos. Amigos se foram esse ano. E amigos irão daqui alguns meses. E então, como vai ser? Só finais de semana? E os trabalhos, e o dever? Nem finais de semana. Amigos online então.. não posso imaginar. Eu mesma vou pedir pro meu pai tirar a internet. Namorada? Vai ser difícil, mas a gente pode aguentar. Eu estive fazendo planos que estão longe de se concretizar. Meu aniversário está cada vez mais perto, e se não permitirem minha menor imaginação ganhar formato concreto, não vou ter porque comemorar. Eu quero sair, eu cansei de ficar só aqui. Eu quero passar de ano e eu não to me esforçando. Me incomoda saber que sou conciente disso. Tem dias que eu prefiro ficar tocando violão mesmo sem uma corda, do que falar com pessoas que eu gosto de falar.. e isso tem me assustado muito. Se eu pudesse eu sairia todas as noites. Não pra algum lugar.. pra qualquer lugar. Sozinha. Eu, meus passos, meus pensamentos, o asfalto e o frio. Eu não sairia no calor. Ontem mesmo eu me via entrando numa escola que era o sonho de consumo de muita gente, e odiando aquele lugar. Eu me via com os olhos fixados na lista vendo que eu não estava na sala das únicas pessoas que eu conhecia de lá. Me vi correndo atras do que queria, e conseguindo. Eu tinha uma raiva indiscritível das pessoas daquela escola, eu não via a hora de sair de lá. Cada dia foi um sufoco. E hoje eu estou aqui, com medo do que vem amanhã. Eu não quero sair dessa escola, eu sei que nada vai ser igual. Eu estou sem vontade nenhuma.. de nada. Saudade, angústia, medo, insegurança, carência. Eu preciso de um abraço faz tempo. Um abraço bem apertado que me faça perder o ar, um abraço sem perguntas que me façam chorar. Um abraço que me faça chorar por si só. Um abraço em que eu possa esconder meu rosto e sentir que estou segura, sentir que estou bem. Eu preciso de um abraço sem som nenhum, sem pensamento nenhum, sem nenhuma previsão de fim. Eu preciso de um abraço vazio dessas coisas. Eu preciso de um abraço cheio de carinho. E numa briga entre vazio e cheio, eu preciso de um abraço bem no meio. Um abraço que me complete e tire tudo o que está aqui dentro. Eu preciso de um abraço pela metade.
(Estela Seccatto)
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