24 de novembro de 2009

Christmas!

Um dia qualquer você levanta com aquele velho mau-humor de quem não quer ir pra escola. Se troca, toma seu café da manhã rotineiro (pão, suco, leite, etc..), arruma o que tem que arrumar e vai pra escola. Não importa se você vai de carro, de ônibus, a pé ou voando.. importa é que nesse dia qualquer você não vai dormir no caminho. Sabe porque? Porque as lojas estão enfeitadas pro Natal. As casas, os postes, os postos.. É quando você começa a se dar conta que 11 meses do seu ano já são passado, e um ano futuro está logo em frente. Se lembra de quando éramos pequenos? Fazíamos birra pra passear de carro a noite pela cidade inteira. A cidade era gigante, não acabava nunca, os enfeites eram uns mais lindos do que os outros. Pisca-pisca em forma de trenó, algodão se passando por neve.. e muitas, muitas estrelas! E a gente viajava na cidade imensa decorando cada decoração pra depois poder contar pra todo mundo. Pra depois tentar fazer igual em casa. A gente mal sabia que essa viagem se passou em apenas 2 ou 3 bairros. Então chegavamos em casa correndo e nossos olhos não continham o brilho ao ver aquela arvore desmontada no tapete. Sentávamos esparramados pelo chão. Enquanto um montava a árvore, o outro desenrolava o fio do pisca-pisca. Depois todos penduravam mil coisas na árvore (bolinha, papai-noel, bengala de açúcar, doendes..). O adulto da casa enrolava o pisca-pisca na árvore e, por fim, a colocava num canto qualquer. E era isso, você passava um mês imaginando por onde o papai-noel iria entrar, sendo que aqui não costuma ter chaminé. E pensava nos presentes que chegariam, no que pediria pro ano que vem.. E pedia toda noite pra acordar com a neve na janela, igual nos filmes lá de longe. Então você pisca e acorda no dia 24 de dezembro. Pergunta até pros vizinhos que nunca viu se o papai-noel já passou por ali - mesmo sabendo que é só depois da meia noite. Então a família se reúne na casa de alguma tia e todo mundo está sorrindo, porque é inevitável. Você não sabe ver as horas então pergunta pra alguém.. são 11 horas e 59 minutos. Um minuto! O minuto mais eterno da sua vida.. Você ouve um sino e lá da rua vem vindo o papai noel. Você quer correr pra abraçar seu pai mas não o encontra: ele foi comprar alguma coisa. Compartilha, então, a felicidade com os outros que estão ali. "RowRowRow, Feliz Natal!". Então as crianças se juntam (se amontoam) no chão/sofá/cadeiras, e o papai-noel senta numa cadeira perto da árvore. Cada presente que ele pega na mão é um expectativa: será que esse é meu? Então ele fala seu nome, voce levanta cheio de moral como quem diz 'esse pacote grande é meu'.. Senta no colo daquele velhinho de vermelho e o agradece. Daí pra frente é só festa. Provavelmente algum dos seus presentes vai quebrar um minuto depois de abrir.

Hoje mudou tanto né? A família parece ter diminuído, a quantidade e o tamanho dos presentes também. As crianças estão grandes como você. Quando é meia-noite e alguns minutos você se dá conta que já é Natal e que seu pai está vestido com uma roupa vermelha. Alguma criança chega e diz: "Cadê seu pai?" e você responde o que? Que ele foi comprar qualquer coisa. Então deseja um feliz Natal pras pessoas que estão perto e espera que os outros venham até você.

Não que seja algo triste, mas no Natal atual a saudade é maior do que o sorriso.

Então você respira fundo, e entra na escola. Você sabe que não faz mais questão de contar os dias pro Natal. E ainda liga pra casa avisando seus pais: "Não exagerem no pisca-pisca, é meio brega."

(Estela Seccatto)

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