Há tempos procurei em mim mesma alguma explicação pra falta de cor por dentro. A vontade de uma vida trabalhada no preto e no branco me agradou por dias e meses. As noites tomavam como base a cafeína. Eu não dormia. Eu não comia. Eu não piscava. Noite e dia. Ia pra sacada do quinto andar e assistia o sol nascer. Achava feio. Olhava lá pra baixo e imaginava o tamanho da dor que seria cair de lá. Era pouca, era uma opção em mente. Mas ela acordava e me chamava pro sofá. Ela me contava histórias da vida e ela me fazia esquecer um pouco da minha. Eu até sorria. Mas quando a verdade é jogada na cara você começa a pensar no quão tosco é ser assim. "Começo de depressão". Não! Eu não queria ser assim. Eu queria me encontrar, eu queria sorrir mais. Foi nela que eu encontrei forças. Meus olhos se fecharam e eu sonhava durante as noites. O nascer do sol é a coisa mais linda. Estive por aí e ninguém me viu passar, mas agora faço questão de gritar. Faço questão de sorrir e fazer minha vida brilhar. Ela se foi em corpo e não voltará. Mas a alma me rodeia, me sussurra pra eu continuar. O brilho que reflete em mim é todo dela e, assim, nada me faltará.
(Estela Seccatto)
Nenhum comentário:
Postar um comentário