10 de dezembro de 2012

Estive por aí

Há tempos procurei em mim mesma alguma explicação pra falta de cor por dentro. A vontade de uma vida trabalhada no preto e no branco me agradou por dias e meses. As noites tomavam como base a cafeína. Eu não dormia. Eu não comia. Eu não piscava. Noite e dia. Ia pra sacada do quinto andar e assistia o sol nascer. Achava feio. Olhava lá pra baixo e imaginava o tamanho da dor que seria cair de lá. Era pouca, era uma opção em mente. Mas ela acordava e me chamava pro sofá. Ela me contava histórias da vida e ela me fazia esquecer um pouco da minha. Eu até sorria. Mas quando a verdade é jogada na cara você começa a pensar no quão tosco é ser assim. "Começo de depressão". Não! Eu não queria ser assim. Eu queria me encontrar, eu queria sorrir mais. Foi nela que eu encontrei forças. Meus olhos se fecharam e eu sonhava durante as noites. O nascer do sol é a coisa mais linda. Estive por aí e ninguém me viu passar, mas agora faço questão de gritar. Faço questão de sorrir e fazer minha vida brilhar. Ela se foi em corpo e não voltará. Mas a alma me rodeia, me sussurra pra eu continuar. O brilho que reflete em mim é todo dela e, assim, nada me faltará.

(Estela Seccatto)

2 de dezembro de 2012

Álcool.

Nós sempre superamos. Pessoas se vão, coisas ganham e perdem a graça, o amor se transforma em nada. Então voltamos a sorrir, enchemos nosso peito pra dizer "eu superei". Todo mundo supera. Mas o álcool, tão amigo, me foi inimigo. Não sei em que momento parei de fumar e dormi. Não sei como fui capaz de apagar meu cigarro. Sei que acordei meio tonta e foi difícil abrir os olhos. Ao lado da cama tinha o cinzeiro, uma caneta e um caderno. Por que eu ainda escrevo pra você? Olha só quanto tempo que se passou, olha só o tanto que você me machucou. Olha pra mim. Às vezes eu me pergunto se o que eu sinto é raiva ou dor. Saudade ou amor. Acho que não passa de egoísmo. Cheguei a me assustar com meus próprios pensamentos. Pensei: "tá me doendo há 1 ano mas ela não sentiu dor por sequer 1 minuto". Eu te desejei dor. Até que ponto eu fui? Mas passou. Então será que é só medo de largar o sentimento porque, pra mim, era confortável te ter? Por que diabos meu coração não dispara por mais ninguém? Por que eu não faço como você e sigo minha vida? Amor, por que eu ainda penso em você? Mas tá tudo bem. Já passou. Hoje eu não bebi e o caderno tá jogado longe de mim. Pessoas se vão. E ah, elas nem dão tchau..

(Estela Seccatto)