11 de agosto de 2010

Professor

Um professor chamado Heric veio de uma cidade pequena para a grande São Paulo. Achou estranho, rápido demais, cinza demais, gente demais, carro demais. Os anos foram se passando e ele se tornava um paulista. Um paulista na Paulista. Estava indo para a unidade em que ia dar aula (lá perto da Augusta, onde tudo é possível) e avistou logo a sua frente uma moradora de rua fazendo suas necessidades ali, na calçada. Desviou, mudou o passo e simplesmente seguiu o seu caminho.

E agora ele se pergunta o que eu comecei a me perguntar: que atitude foi essa? A gente se acostuma com as coisas e eu acho que precisamos rever alguns conceitos. Caminhão derrapa na pista: "ah, isso acontece sempre". Menina é estuprada em tal lugar: "ah, isso é normal naquele bairro". Senhor é atropelado na rua de trás: "ah, é comum".
Eu só pergunto à vocês: NORMAL? Precisamos rever nossos conceitos, precisamos parar de aceitar essas coisas absurdas que acontecem e que não, não são normais! Eu não estou sendo ignorante para achar que assim mudaríamos o mundo, essa não é minha meta. Em relação ao mundo eu sou um número. Não importa se eu faço alguém rir ou chorar, não importa se eu sofri muito. Nada da minha história importa pro mundo. O que importa é meu número do CPF - e eu ainda nem fui capaz de decorá-lo.


Normal deveria ser o homossexualismo, os negros, as atitudes extravagantes, os vários estilos musicais e as milhares de mutações, sejam elas genéticas ou não.z

(Estela Seccatto)

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