21 de maio de 2010

Eu não vivo por você.

Eu vivo porque há ar do lado de fora e aparelho respiratório aqui dentro. Vivo porque me colocaram no mundo e eu quero ver onde isso tudo vai dar. Eu também não morro por você. Por que eu eliminaria todas as outras coisas da vida por causa de uma pessoa? Eu não deixaria meus amigos aqui por causa de você. E se seu amor é de verdade, você não gostaria que eu te deixasse, não é?! Você não é o amor da minha vida. Se fosse.. quantas vidas eu precisaria ter? Com tantos 'amores da minha vida'.. Isso pode ou não acabar. Existe 50% de chance de você sair andando em direção à porta e me dizer adeus (ou eu posso fazer isso, tanto faz). E existe 50% de chance de nos aguentarmos e mantermos um equilíbrio.. 50% de chance para suportarmos defeitos e brigas. Essa metade parece mais difícil né? Você não vê que nós podemos enfraquecer a qualquer momento? Eu não vou lutar, não vou correr atrás, não vou implorar ou me ajoelhar, não vou relevar erros e deslizes. Não vou pensar por horas em palavras e presentes bonitos pra te agradar. Não vou tentar melhorar ou mudar por você. Não vou jurar ser eterno, muito menos tentar de tudo pra fazer durar. Se tiver que durar, vai durar. Com isso tudo você pode me odiar ou simplesmente perceber minha sinceridade. Na minha vida existe tantas outras coisas.. Você não é tudo pra mim! Meu coração eu deixei de lado, mas, de alguma forma, eu te amo. Eu apenas te amo. E se depois disso você ainda me aceitar, me querer, me desejar, talvez eu acredite um pouco no seu amor. Mas não pra sempre.
Nunca pra sempre.

(Estela Seccatto)

Suponhamos que eu jogue uma pedra no rio

e essa pedra assuste um peixe que aí saia saindo..
Quanto à ordem natural a que chamamos 'destino',
estaria participando ou estaria interferindo?

(Forfun)

17 de maio de 2010

Liberdade, um raro prazer.

"Eu fumo, com muito prazer. Há 12 anos, o cigarro é parte fundamental do meu dia. Minhas pequenas rotinas só estão completas depois de algumas baforadas. Não tenho a menor vontade de parar de fumar. O cigarro me concentra, me acalma, me faz companhia, me consola e alivia a minha tensão. Fumar é um prazer. Um prazer destrutivo, inútil e arriscado, alguém há de apontar. Sim, como só os grandes prazeres da vida podem ser. Como caminhar pela cidade de madrugada ou amar uma mulher. Não existe prazer sem risco.
Eu sustento o meu vício, pago meus impostos e consumo um produto legal, regulamentado e taxado. Mas sou tratado como um cidadão de segunda classe em função de um patrulhamento humilhante e abusivo que avança justamente sobre duas coisas que me são tão caras: o cigarro e, em especial, o direito a uma vida menos chata e sem graça. Nos últimos anos, essa esquadra dos bons hábitos transformou o mundo num lugar insuportável. É proibido fumar em avião. É proibido fumar em restaurante. Os maços de cigarro vêm com aquelas imagens ameaçando: "Se você fumar, eu te pego lá fora". Basta! Hoje eles proíbem o cigarro, amanhã vão querer banir o açúcar, o café, o doce de coco, a Fanta Uva, o cine-privê dos motéis, até o dia em que todo mundo vai acordar tomando açaí na tigela e fazendo 50 abdominais.
Viver mais, assim, para quê? Posso ser acusado de ser um idiota sujeito a câncer de boca e de pulmão, mau hálito, perda dos dentes e impotência sexual. Mas alguém que preza, acima de tudo, o direito de ser o idiota que quiser ser.
A fumaça do meu cigarro incomoda. Mas esse não pode ser um argumento definitivo para que o direito alheio prevaleça sobre o meu. Isso não pode servir para justificar a intolerância, porque há uma convivência possível entre as partes que exige apenas um ambiente arejado e boas doses de bom senso. Se o meu cigarro incomoda, há uma série de coisas que também não me agradam muito, como pessoas que falam sem parar, axé music ou mulheres vestidas em desacordo com a sua faixa etária. Mas parto do pressuposto de que somos adultos o suficiente para sermos ridículos cada qual à sua maneira, falando sem parar, requebrando de modo frenético atrás de um trio elétrico, ou se vestindo de forma caricata. Ou fumando.
"Crianças começam a fumar ao verem os adultos fumando." É verdade. Mas crianças também começam a agredir quando vêem os adultos agredindo e a beber quando vêem os adultos bebendo. Seria o caso de confinar a realidade que não nos agrada num fumódromo do lado de fora? Ou de educar nossos filhos apropriadamente, para que eles olhem o mundo com o devido juízo de valor? A responsabilidade pelo discernimento do que é certo ou errado das crianças que começam a fumar é de seus respectivos pais. Não é minha, nem da Souza Cruz ou da Phillip Morris. Pouco me importa se o meu filho será fumante ou não-fumante. Me importa, sim, a compreensão que ele vai ter de valores como a tolerância e o convívio com as diferenças. Tão em falta em hordas antitabagistas.
Nas propagandas de cigarro enganam o consumidor. A lei nº 10.167, de dezembro de 2000, proíbe a propaganda de cigarro, mesmo sendo este um produto legal. Supostamente para evitar a má influência dessas peças publicitárias sobre os mais jovens. Seguindo esse raciocínio brilhante, seria importante prestar alguns esclarecimentos que, espero, não estraguem o dia de ninguém: energético não faz voar, cerveja não atrai mulher bonita e panetone não reata laços familiares rompidos. Se o governo tem problemas com propaganda enganosa, poderia ter começado a resolvê-los no próprio quintal há três anos, quando lançou uma propaganda desrespeitosa em que a figura de um traficante estabelecia um paralelo absurdo entre o cigarro e as drogas ilícitas. O tráfico de entorpecentes, até onde eu sei, não gera 5,5 bilhões de dólares aos cofres públicos por ano em impostos, dinheiro que, ao que parece, não faz mal à saúde financeira de nenhum Estado.
A partir do ano que vem, de acordo com essa mesma lei, eventos culturais patrocinados pela indústria do cigarro também estarão proibidos. Vistos como meras peças publicitárias (bobagem, todo mundo sabe que o que menos se fumava no Hollywood Rock era cigarro...), festivais relevantes como o Carlton Dance e o Free Jazz estão com os dias contados. Mas festival patrocinado por marca de uísque pode. Há diferença? Claro. No décimo cigarro, você sente um leve pigarro. Na décima dose de uísque, você está sujeito a não ir trabalhar, a bater na mulher, a entrar na contramão...
E depois nós, fumantes, é que somos os ignorantes."

(Jardel Sebba - VIP) gracias @taminakamura

4 de maio de 2010

Justiça é fechar os olhos.

Muita saudade em tão pouco tempo. Lembranças, momentos. Nosso rosto ao vento. Guardo agora a dor de te perder, não preciso demonstrar mais do que já demonstrei. Tiveram dó, tiveram pena de mim! E pouco me importa o resto do mundo agora. Ah, se pudéssemos voltar atras... E agora eu sei como preciso ser forte. Eu preciso acreditar que você não vai voltar, mas eu não acredito, eu não acredito! Me mande notícias... Eles estão te tratando bem por aí? Você está sentindo minha falta? Eu preciso saber que você está bem. Se você tivesse noção do quanto dói... E como dói! Meu Deus, eu cuidei tanto de você, não posso acreditar que você partiu por erro deles. Malditos, insensíveis! Se dependesse de mim, de nós, você estaria em casa descansando, assistindo o jornal ou o filme repetido. Mas eles não se importaram, eles te deixaram morrer. Eu preciso de justiça, eles te mataram! Assassinos! E agora eu morro aos poucos por saber que nunca mais vou poder sentir sua pele, seu carinho, seu cheirinho de experiência que ninguém mais tinha. E seu sorriso? Consegue imaginar a falta que vai me fazer? Nossa, se você conseguisse... Mas não consegue, ninguém consegue. E agora eu apunhalo meu coração e o jogo para longe. Preciso me livrar pois tudo machuca demais. É quando você percebe que as pessoas se vão uma hora ou outra, de uma forma ou de outra.. E você é um simples solitário. Eu sou uma simples solitária. E de que vale? Me tire dessa vida agora, me arranque essa dor. Eu preciso dormir e acordar amanhã em um mundo diferente... Sabendo que tudo está bem. Por favor, feche meus olhos.

(Estela Seccatto)

Foi melhor assim

Quando eu te vi no bar, rindo e brincando
entre amigos, estranhos para mim,
me perdi nos teus olhos, fui ficando
sem rumo, sem começo, meio ou fim.

Qual seria teu nome, a tua idade?
Que pensarias tu, caso soubesses
deste pobre poeta, da ansiedade,
dos meus sonhos de amor, das minhas preces?

Mas foi melhor assim. Tu foste embora,
eu paguei minha conta, e sem demora,
Fui pra casa dormir nos braços teus.

Os braços teus, porém, só vi em sonhos,
devaneios noturnos, bons, risonhos.
Não te conheci. Não houve adeus.


(Castelo Hanssen, Um cego fitando o horizonte)

Será?

Será que é melhor ver passando na rua o amor da sua vida e não dizer olá, evitando o adeus? As vezes sim, as vezes é bem melhor assim.