13 de abril de 2010

Desconcerto do mundo

Na aula de literatura o professor citou esse tal "desconcerto do mundo", explicando com exemplos o que era. Uma aluna se colocou a escrever, se levantou e foi tomar água. Seu grafite dizia:

"O desconcerto do mundo: Sabe quando você olha na rua uma injustiça acontecendo e se pergunta 'pra que?'. Então, o resto do mundo passa por aquilo despercebido, e você sente que sua mente está num plano paralelo às outras mentes. É você indo pra um lado e o resto indo contra. Sabe quando ninguém reclama de nada, mas algo te incomoda? Então você tenta consertar e agora está bem pra você mas ruim pros outros? É você indo pra um lado e o resto do mundo contra. E não apenas andar em sentido contrário, um lado pode estar simplesmente parado. Sabe quando o domingo está calmo e você se irrita com tanta tranquilidade? Sabe quando todos estão ansiosos e preocupados e você quer apenas um pouco de silêncio? É você em movimento e o mundo parado. É o vice-versa. Eu me olho agora, nessa aula de literatura e ninguém presta atenção no que o homem sábio diz lá na frente. Enquanto eu escrevo um texto sobre uma expressão comentada por ele. Esse desconcerto do mundo é uma simples falta de harmonia entre os seres que habitam tal. Sejam eles humanos, animais ou inanimados. Eu preciso me achar num lugar. Eu preciso sair da contramão. Agora todos saem da sala e eu permaneço sentada. Porque eles não entram no meu ritmo? Mancanza armonia in questo mondo!"
A menina guardou seu material, olhou para o professor, sorriu e saiu da sala.


(Estela Seccatto)

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