Sobe
E de lá de cima vê
A vida
Que não mostra a TV
Sofrida
De quem só olha pro chão
Porque não aprendeu a se erguer
Que ninguém acreditou que ia vencer
Olha pro morro
Pro preto
Pro medo
Pro grito
Pro choro
E se cala
Olha o menino
Descalço
Com medo
Correndo
Fugindo
Da bala
Olha a menina
Sofrendo
Vendendo
Por troco
Seu corpo
E me fala
Olhando no meu olho, me fala
Me fala que não vê a senzala
Se faz de morto que não enxerga a morte
Cego por opção
Egoísta de berço, de passo fácil
De luta pequena, que não estende a mão
É direito seu calar essa boca
É mais do que dever se abster
Se tua pele não assina seu óbito no dia de nascer
Estela Seccatto
14 de agosto de 2018
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