19 de fevereiro de 2013

Engasgada

Sabe quando tem alguém que, quando está perto de você, faz passar frases e frases na mente que entalam na garganta e não te deixam respirar? Então fixamos o olhar em um ponto qualquer, tomamos ar, enchemos o peito e a mente grita: "é agora!". O olhar desvia do céu, a boca abre, a voz ameaça sair e acaba não passando de um suspiro. Sabemos que vamos gaguejar. Somos tolos conscientes. Nossas pernas não fraquejam à toa. E a frase pode ser "eu sou apaixonado por você" assim como pode ser um simples "eu não aguento mais olhar na sua cara". Tanto faz. A sensação é a mesma. O grito sempre fechará a garganta. Se nos acostumássemos a sempre sentir e sempre falar, talvez não seguraríamos a voz no peito. Talvez disséssemos, sem medo, no exato tom de voz que queremos. Mas quando a vontade e o sentimento são raros, a incerteza domina, dizendo baixinho nos nossos ombros pra tomarmos cuidado com o que diremos. E lá vamos nós nos calar. Passa na mente tantas perguntas.. E se eu morrer hoje, indo pra casa, sem dizer o que eu queria? E se eu disser hoje, me arrepender, e sobreviver indo pra casa? Tornamo-nos escravos das nossas próprias dúvidas. E não há quem nos responda além de nós mesmos. Precisamos de coragem pra nos contrariar.. Mas e se a palavra sair errada, toda engasgada?

(Estela Seccatto)

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