A verdade é que ninguém tem medo de sentir. As pessoas tem medo do que vem após o sentimento. O medo não é do ódio.. O medo é das atitudes que ele pode nos causar. O medo não é da esperança.. O medo é do esperado nunca acontecer. O medo nunca foi do amor. Nunca! O medo sempre foi do outro não corresponder. Como seria se atitudes não acompanhassem os sentimentos? Teríamos medo de mostrá-los para o mundo? Ou cada um mostraria o seu e fim? Não te machucaria por te odiar, apenas te odiaria. Não doeria esperar. Não te prenderia por amar. O amor é livre. O sentimento é livre. Quem passou isso para o mundo físico? Quem tirou o sentimento do peito e passou adiante? Eu quase disse outra vez: estou perdidamente apaixonada. Mas é difícil assumir. É difícil saber que não se é correspondido. É difícil imaginar alguém rindo, se afastando ou apenas não se importando pro seu sentimento. Poderia ser simples. Eu poderia dizer e ela poderia sorrir. Mas quando você diz algo com tanta importância você pode ter certeza de que todos os outros dias aquela pessoa te olhará diferente. De um jeito bom ou de um jeito ruim, será diferente. E quem é que gosta de arriscar mudar o confortável pro incerto? Preferimos que nos falte o ar por causa das palavras presas na garganta à nos faltar a pessoa, em si. Medo deveria ser algo normal. Medo de inseto, medo de altura, medo de escuro. Acenda a luz, compre veneno, não suba no último andar. Simples. Medo. Mas nunca é tão simples. É triste ver que temos tanto medo de algo que carregamos por dentro e que não há como nos livrar.
(Estela Seccatto)
24 de fevereiro de 2013
19 de fevereiro de 2013
Engasgada
Sabe quando tem alguém que, quando está perto de você, faz passar frases e frases na mente que entalam na garganta e não te deixam respirar? Então fixamos o olhar em um ponto qualquer, tomamos ar, enchemos o peito e a mente grita: "é agora!". O olhar desvia do céu, a boca abre, a voz ameaça sair e acaba não passando de um suspiro. Sabemos que vamos gaguejar. Somos tolos conscientes. Nossas pernas não fraquejam à toa. E a frase pode ser "eu sou apaixonado por você" assim como pode ser um simples "eu não aguento mais olhar na sua cara". Tanto faz. A sensação é a mesma. O grito sempre fechará a garganta. Se nos acostumássemos a sempre sentir e sempre falar, talvez não seguraríamos a voz no peito. Talvez disséssemos, sem medo, no exato tom de voz que queremos. Mas quando a vontade e o sentimento são raros, a incerteza domina, dizendo baixinho nos nossos ombros pra tomarmos cuidado com o que diremos. E lá vamos nós nos calar. Passa na mente tantas perguntas.. E se eu morrer hoje, indo pra casa, sem dizer o que eu queria? E se eu disser hoje, me arrepender, e sobreviver indo pra casa? Tornamo-nos escravos das nossas próprias dúvidas. E não há quem nos responda além de nós mesmos. Precisamos de coragem pra nos contrariar.. Mas e se a palavra sair errada, toda engasgada?
(Estela Seccatto)
(Estela Seccatto)
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