23 de outubro de 2017

Minha vida tá uma sopa

e ela tá fervendo, descendo goela abaixo.

Queria que a vida me rasgasse de dentro pra fora pra eu me reconstruir diferente da estupidez que sou. Queria poder gritar sem ninguém ouvir porque não me sinto merecedora dos ouvidos de ninguém. Sinto que qualquer som que eu produzo é apenas um ruído irritante após um grito incessante. Eu vivo me escondendo atrás de mil palavras que não querem dizer nada só pra não ter que dizer alguma coisa. Cada passo que eu dou parece me levar pro lugar errado, independente da direção. Eu não vejo mais pra onde ir e eu nem sei se quero ir. Eu me forço a rir pra me impedir de  quebrar e jorrar todo esse féu por cada canto que eu me escorar. É como se eu fosse fundação mal calculada prestes a rachar com o peso da carga que eu deveria suportar. 

Amanhã tá tudo bem, não precisa perguntar.
Hoje eu sinto minha mente dilacerar.

18 de outubro de 2017

Arrefecimento

substantivo masculino
  1. 1.
    perda de calor, queda de temperatura; esfriamento, resfriamento.
  2. 2.
    fig. perda do entusiasmo, do ânimo; indolência, apatia.

É o 2. Quem dera fosse o 1.

Algo dentro de mim tá pisoteando minha vontade de sair e respirar.
Eu tô virando parte do colchão.
Sei lá se é desânimo, cansaço, indiferença ou se é só o calor.
Ficar aqui me entristece e a ideia de sair daqui também.

Eu não consigo me olhar no espelho e gostar do que vejo.
Por conta disso eu não quero sair pra que as pessoas não me vejam.

Eu aprendi a gostar da minha companhia mas eu tô me afundando nela.
Como se tivesse surgindo uma pontinha de misantropia.
É mais cômodo ficar comigo, previsível que sou, do que sair sem direção e sem certeza de nada.

Mas isso é só um surto, como qualquer outro.
Logo volta o entusiasmo por coisas novas.
Até porque eu não quero perder tempo, já que vim parar aqui.

Hoje tanto faz.
Amanhã não sei.