29 de dezembro de 2009

Please, forget Kate.

Não podemos dizer que era só uma menina. O passado que ela carregava nas costas a definia muito maior. Não exatamente o que passara, mas as atitudes que tomava frente às situações. Sorria, e sorrir era o que sabia fazer de melhor. Até onde eu sei não tivera um grande amor. Não tivera ao menos pequenos amores. Mas tinha uma coleção completa de paixões. Não se importava se estava apaixonada por novos ou velhos, bonitos ou feios, meninos ou meninas; a forma nunca importava, o que importava era o coração.. Aquela coisa toda de qualidades e defeitos: se conseguisse conviver com os defeitos de alguém, ali se fazia uma nova paixão. E de paixões em paixões nunca a ouvi dizer 'te amo'. Talvez um medo se escondesse por inteiro em sua garganta, totalmente cravado ali. Doía pra falar e a dor era visível em seu olhar. Mas não posso dizer que ela não houvera tentado muitas vezes. Tentou a cada paixão. E em todos os finais, com o coração quebrado, jurava por tudo o que lhe fazia bem que nunca mais tentaria, nunca mais se apaixonaria. Mas a promessa era sempre quebrada quando o coração se consertava. Cada canto da cidade sussurra por aí sobre o sorriso que se desfez. Parece que sua última paixão foi quase um amor.. Ou talvez ivesse sido, de fato, um amor. Ela havia criado coragem pra falar aquelas três palavras que tanto a machucavam, e ela repetia essas palavras todos os dias, olhando nos olhos. Repetia em seus gestos, em seu olhar. E numa dor tão grande a pessoa foi embora, sem ao menos ouvir o suspiro que viria antes do último 'eu amo você'. E ela, sempre forte, continuous ua vida.. mas dessa vez sem sorrir. Eu queria poder dizer que a abracei e a acalmei, mas eu não o fiz. Então um alguém me disse num dia qualquer que ela fora embora para longe. E o vento gelado confirmou. Minha menina não voltaria, minha menina nunca saberia o quanto eu a amava. Eu teria ficado feliz por ela, pois ela apenas se afastara de suas lembranças, seus medos e suas dores. Eu sabia que ela não podia mais passar por aquela praça sem ficar triste, subir pro seu quarto sem lembrar e ver o inverno chegando sem sentir o ar machucando seu rosto. Eu sabia que seria melhor ela longe dessa cidade que tanto a machucava. Mas eu não tinha condições de visitá-la.. era outra cidade, outro país. Era tão longe. As vezes penso que talvez ela ficaria mais uns dias se soubesse que alguém a amava e que não era só uma paixão. Ela era sim o amor da minha vida, mesmo eu a amando de longe, mesmo eu a amando com simples olhares. E eu nem toquei em suas mãos. Eu nem senti o seu perfume. Eu amava seus defeitos e procurava andar sempre perto do perfeito pra um dia ser boa pra ela. Chegar e dizer 'eu amo você'. E não só dizer, mas agir. Amar. Não queria amar apenas em segredo, queria tirar todos os seus medos, mandar pra longe seu passado e ser seu presente mais feliz. Mas eu nem toquei em suas mãos.

E que um dia ela possa ler isso.
Seu nome? Amanda. Meu coração? Totalmente dela.

(Estela Seccatto)

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